Uma história de luta e perseverança pelo sonho de brilhar nos palcos com a sua arte, fez com que Mercedes Baptista, tornasse sua trajetória um marco histórico para a dança brasileira, tendo se tornado a primeira bailarina negra a integrar o corpo de ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, um dos mais importantes palcos do país. Sua trajetória longeva é retratada no espetáculo “Mão na barra, pé no terreiro, a vida e a dança de Mercedes Baptista”, que chega a Vitória entre os dias 16 e 18 de maio, no MUCANE – Museu Capixaba do Negro, no Centro de Vitória. A entrada é gratuita.
O espetáculo sobre a bailarina e coreógrafa que revolucionou a dança contemporânea no Brasil, é conduzido pela atriz e bailarina Ivanna Cruz, que relembra as origens e as batalhas da mulher negra, tal como ela, para conseguir que sua arte fosse reconhecida.
A peça que já passou pelo Rio de Janeiro e São Luis/MA, tem direção artística de Luiz Antônio Rocha e texto assinado por Ivanna Cruz, Luiz Antônio Rocha e Pedro Sá de Moraes, coreografias de Diego Rosa e cenário e figurinos de Eduardo Albini. Também estarão em cena as musicistas e atrizes Geiza Carvalho e Lelê Benson. A montagem conta com iluminação de Ricardo Fujii e mais de 90% da ficha técnica do projeto é composta por artistas e técnicos negros, atuantes na cena cultural brasileira.
O musical resgata ritmos como o Jongo, a Mana Chica e a ancestralidade dos ritmos trazidos da África pelos antepassados africanos, escravizados e retirados à força de suas terras, além de seus laços familiares e culturais impostos à diáspora dolorosa pelos portugueses que aqui dominaram e colonizaram as terras brasileiras a partir do ano de 1500.
O repertório apresenta a preservação dessa cultura afrodescendente e dos sons que remetem à memória, o que tanto Mercedes fez e conseguiu, seguida anos depois pela sua conterrânea, Ivanna Cruz, que percorre o mesmo caminho. As duas, nascidas em Campo dos Goytacazes, nunca desistiram mesmo com a imposição de todas as formas de racismo existentes na sociedade.
O diretor artístico, Luiz Antônio Rocha, aponta que Mercedes Baptista foi e é a pedra fundamental da identidade afro-brasileira na dança influenciando várias gerações de artistas e movimentos culturais. Valorizou a identidade negra dando visibilidade, respeito às mulheres e combate ao racismo.“Sua história nos inspira. Além de homenageá-la, vamos resgatar ritmos que estão desaparecendo como o Jongo e a Mana-Chica (RJ). O projeto tem como referência a cultura e a arte popular influenciadas por matrizes culturais de povos afro diaspóricos”, afirma o diretor.
Quem foi Mercedes Baptista
Nascida na cidade de Campos dos Goytacazes, Região Norte do Estado do Rio de Janeiro, Mercedes Baptista superou obstáculos e quebrou barreiras raciais, abrindo caminho para futuras gerações de bailarinos negros, como Ivanna Cruz. Sua ascensão é um testemunho do poder da arte em transcender fronteiras sociais e raciais. Foi a responsável pela criação do balé afro-brasileiro, inspirado nos terreiros de candomblé, elaborando uma codificação e vocabulário próprio para essas danças.
O Ballet Folclórico Mercedes Baptista foi responsável pela consolidação da dança moderna do Brasil. Ao longo de sua trajetória, Mercedes recebeu diversos prêmios e reconhecimentos, solidificando sua posição como uma das principais bailarinas do país. Sua estreia no Theatro Municipal do RJ é um momento culminante de sua carreira e um exemplo inspirador de superação.
O projeto parte do encontro entre Mercedes e a atriz e bailarina Ivanna Cruz, com meio século de intervalo entre elas, duas artistas pretas da dança que nasceram na mesma Campos dos Goytacazes, uma das últimas cidades do Brasil a acatar a abolição da escravidão.
“Mercedes Baptista é um ícone da resistência e do talento. Sua presença no Theatro Municipal do RJ é um passo importante para a representatividade e inclusão racial na dança brasileira. É uma honra fazer parte de um projeto como este, pensado nos mínimos detalhes e tão sonhado em executá-lo para além de poder homenagear, apresentar a grandeza que foi e é Mercedes Baptista”, declara Ivanna Cruz.
“Para além da primeira bailarina do Theatro Municipal, Mercedes também foi uma mulher aguerrida que manteve sempre a cabeça erguida em um propósito: mostrar que ela merecia chegar aonde chegou e ainda ousar em quebrar paradigmas e mostrar a cultura da nossa gente, a cultura afro, sobretudo por interferir de maneira positiva na percepção de novos significados para o contexto da dança, com a diversidade, inclusão e memória, tão presentes na sua trajetória”, completa a atriz.
Ivanna ainda conta que, durante o processo de preparação, ficou surpresa com a força de Mercedes em empreender, em não esmorecer, ao brigar pelo espaço dela. A bailarina cuidou da criação, da venda do seu produto, sua arte, ela sabia o que acontecia em cada detalhe da cadeia de criação dos projetos dela.
“Ela mesma arrecadava e pagava cada integrante, cada cachê, ela valorizava o profissional da arte, visionária e corajosa. Para cada porta que ela encontrava fechada, criava mais força para desenvolver e executar projetos culturais numa época ainda onde a mulher não tinha voz e nem vez. Eu espero, com esse projeto, passar por um processo de cura, de ressignificação, que as pessoas se reconheçam merecedoras, de uma maior união, de mãos dadas a quem se propõe a ser aliado e gritar junto pelo espaço que não é para segregar, separar é para juntar mais ainda. Eu me sinto muito forte quando encontro outras mãos que me ajudam e dizem que eu devo seguir, persistir, porque eu mesma já pensei em desistir muitas vezes. Mas eu lembro de Mercedes e tantos outros que deram o sangue para que eu pudesse estar aqui. Conhecer a nossa História faz parte do aparato de força e nivelação para se chegar aos resultados. Muita coisa mudou para os artistas negros, para o povo negro em geral, mas ainda temos sim um longo caminho pela frente”, diz Ivanna.
Foto: Jow Coutinho
Ivanna Cruz, atriz e bailarina multifacetada que respira arte
Atriz, dançarina, produtora, Educadora Popular e professora de dança Afro, Ivanna nasceu em Campos dos Goytacazes, cursou o Teatro Experimental do SESC e o Curso Técnico Profissionalizante da CAL. Atuou em espetáculos como: “Vestido de Noiva”, “Antígona”, “A Serpente”, “Marido Oscar”, “O outro lado da história”, “O boi e seus alegres brincantes”, “Histórias Encantadas”, “A Arca de Noé”, ”Ilê Sain à Oxalá”, 2000 a 2015 “A menina e o vento” “As Feras”, de Vinicius de Moraes de 2017 a 2019. Dirigiu os musicais: “Metal contra as nuvens” e “Batuque das Tias”, e o infantil “A Fada cheia de ideias”. Participou dos Curtas Metragens “Broadway” dir. de Maycon Gual (2017) e “A Casa de Pedra”, dir. Ricardo Conti (2018). Participou da novela “Quanto Mais Vida melhor”, na Rede Globo. Ivanna também está à frente de trabalhos como ativista cultural na cidade onde desenvolve um trabalho em terreiros e escolas divulgando a tradição popular da cidade com danças como “Mana Chica”, uma dança similar às quadrilhas de roda com nuances do Fado do tempo da escravidão.
Espetáculo ‘Mão na barra, pé no terreiro, a vida e a dança de Mercedes Baptista’
Não é só forró e quadrilha que diverte o público na festa junina no shopping Mestre Álvaro. Neste sábado, dia 14 de junho, a partir das 13h, o Piso L2 será palco de uma celebração inusitada e cheia de personalidade para pessoas de todas as idades: o ‘K-Arraiá’. A festa junina com tempero coreano vai encantar fãs de k-pop, doramas e das tradicionais brincadeiras do período. A programação é gratuita e os ingressos já podem ser retirados pelo site Sympla.
O evento reúne comidas típicas juninas e delícias orientais, como o kimchi, Corn Dog, Onigiri, Waffle Ball, entre outras opções da Yaz Doceria Orienta além de atrações como barraca do beijo com imagem de membro do BTS para fotos, bingo com prêmios, pescaria, casamento dorameiro, produtos de k-pop e dorama no estande da Millennium Store, e uma super quadrilha com participação do público. A animação fica por conta da produtora Yunikonland, com apresentações cover de grupos de k-pop, criando o verdadeiro “comeback rural”, com direito a Jungkook noivo e Bangchan puxando a quadrilha.
Amanda Duque, gerente de marketing do shopping Mestre Álvaro, explica que o evento é uma oportunidade de unir culturas e celebrar a diversidade. “O K-Arraiá reforça nosso compromisso em oferecer experiências inovadoras e inclusivas, misturando ritmos, sabores e estilos em um ambiente divertido, no qual todos possam se sentir acolhidos”, diz.
K-Arraiá
Quando: 14 de junho (sábado)
Horário: A partir das 13h
Local: Piso L2 – Área Diversão do Mestre | Shopping Mestre Álvaro (Avenida João Palácio, 300, Eurico Salles – Serra)
Mais do que uma apresentação musical, a noite do dia 13 de junho no Teatro Sesi, em Jardim da Penha, promete ser uma verdadeira jornada sonora, conduzida por obras que desafiaram padrões e abriram caminho para novas formas de sentir e pensar o mundo. Nesta sexta-feira, a partir das 19h30, o público vai conferir o concerto Sinfonia da Revolução, um espetáculo grandioso que celebra a força transformadora da música através de obras marcantes do repertório clássico.
O programa tem como destaque a imponente Sinfonia nº 3 em Mi bemol maior, Op. 55 – “Eroica”, de Ludwig van Beethoven, uma das composições mais revolucionárias da história da música ocidental. Com sua estrutura monumental, intensidade dramática e inovações harmônicas, a obra simboliza a ruptura com o passado e o nascimento de uma nova era artística.
A noite contará ainda com a participação especial do solista Ernesto Peña, que vai interpretar o Concerto para Viola e Orquestra, de Henri Casadesus, obra que homenageia o estilo clássico com elegância e virtuosismo, explorando toda a expressividade deste instrumento singular.
Sinfonia da Revolução é um convite à reflexão sobre a capacidade da música de inspirar mudanças e transcender limites, em uma experiência sonora intensa e memorável.
Foto: Studio Base 40/Divulgação
Orquestra Camerata Sesi em ‘Temporada Clássica – Sinfonia da Revolução: Beethoven’
Quando: 13 de junho (sexta-feira)
Local: TEATRO SESI (Rua Tupinambás, 240, Jardim da Penha, Vitória)
Vencedor do Grammy Latino, o BaianaSystem está de volta ao Espírito Santo e o palco escolhido foi o do Festival Movimento Cidade, maior festival de artes integradas do ES, que realiza sua 7ª edição nos dias 15 e 16 de agosto, no Parque da Prainha, em Vila Velha. Com uma trajetória marcada por fusões sonoras, visuais impactantes e forte conexão com a cultura popular, o grupo baiano promete uma apresentação intensa e coletiva, à altura da celebração de seus 15 anos, trazendo o show “Nossa cultura em primeiro lugar”. O show acontece no dia 15 de agosto. A entrada é gratuita, mas considere chegar cedo, pois está sujeito à lotação do espaço.
O novo espetáculo é resultado de um processo contínuo de experimentação. “Esse formato tem como combustível a calma que tivemos para pensar uma junção das coisas que a gente vem experimentando nos últimos shows e nas próprias apresentações no Navio Pirata”, explica o guitarrista Roberto Barreto. O show é um convite para mergulhar nas sonoridades que o BaianaSystem vem lapidando em sua trajetória pelo Brasil e pelo mundo.
A ideia de colocar “nossa cultura em primeiro lugar” traduz a proposta de um espetáculo que honra as múltiplas raízes que alimentam a identidade do grupo. “Essa cultura é o que acaba nos unindo e nos sustentando. Traduz muito do nosso espetáculo”, reforça Barreto. O show também resgata e reinventa o folclore brasileiro por meio de imagens sonoras e personagens que emergem da diversidade cultural do país.
O BaianaSystem ganhou o Grammy Latino 2019 na categoria “Melhor Álbum de Rock ou Música Alternativa em Língua Portuguesa” pelo disco “O Futuro Não Demora”. As principais músicas do BaianaSystem incluem “Playsom”, “Lucro (Descomprimindo)”, “Duas Cidades”, “Capim Guiné”, “Jah Jah Revolta”, “Bala na Agulha”, “Reza Forte”, “O Mundo Dá Voltas” e “Alvoroço”.
Em 2025, o MC amplia sua presença, ocupando novos espaços em Vila Velha e Vitória, com oficinas, mostras audiovisuais, arte urbana, performances, rodas de escuta, esportes e atividades voltadas para o bem-estar. Em 2024, o Festival MC reuniu cerca de 100 mil pessoas durante os três dias de evento.