Jornalista Aloysio Reis, presidente da Sony Music, lança livro em Vitória
Segunda obra do carioca, O Eterno Desencontro das Paralelas, será lançado nesta quinta-feira (7), na Livraria Leitura, no Shopping Vitória. Livro mistura ficção, humor e sobrenatural
O jornalista Aloysio Reis, diretor da Sony Music e compositor de sucessos gravados por ícones da música brasileira como Roberto Carlos, Fafá de Belém, Ney Matogrosso, Flavio Venturini e Byafra, desembarca em Vitória especialmente para o lançamento do seu segundo livro, “O Eterno Desencontro das Paralelas” (Editora Autografia). O evento será nesta quinta-feira (7), às 19 horas, na Livraria Leitura, no Shopping Vitória.
Em ‘O Eterno Desencontro das Paralelas’, o real e o imaginário se completam em histórias que desafiam as normas da razão, da lógica e da própria linguagem. Ao longo de 15 capítulos, o autor constrói tramas de humor nonsense com toques sobrenaturais, unindo o romance policial ao realismo fantástico em um texto coeso, sem firulas nem excessos.
Aloysio, 69 anos, apresenta personagens reais e fictícios em histórias que se misturam. De um lado, o leitor se depara com Jânio Quadros, Nietzsche e Agatha Christie; de outro, encontra tipos clássicos das histórias policiais, como o delegado, o coronel e um matador profissional. Eles viajam a bordo do Expresso Mineiro, trem que conduz os personagens até a cidade fictícia de Albertosa, em uma viagem cercada de mistério, paixões e morte.
O que une todos eles é a grande inspiração autobiográfica de Aloysio, que foi repórter policial do jornal “Última Hora” no início da carreira. As paralelas que dão título ao livro remetem aos trilhos do trem e escancaram a vida como a arte do desencontro: o eterno abismo entre expectativa e realidade, o fosso que separa os homens de seus desejos e ambições.
“Sonhando com paralelas, os homens criaram os trilhos. Sobre os trilhos, os homens colocaram trens para levar seus medos e desejos até uma estação imaginária chamada destino. Até hoje, não se tem notícia de comboio que tenha encontrado seu destino. Nem aqui nem no infinito”, explica o autor, que é presidente da Sony Music Publishing Brasil.
Mesmo situado no início dos anos 1960, época da renúncia de Jânio, as referências políticas do livro são bastante atuais. Um dos personagens mais fascinantes da trama é o diabo, encarnado na figura do pastor Apolion. Em um diálogo revelador, ele conta seus métodos de trabalho.
“Meus superiores são diabos modernos, urbanos e sofisticados (…). Eles incorporam personagens ilustres. Eles são grandes líderes políticos e religiosos, entidades cheias de vaidade que se utilizam do rádio e da televisão para difundir sua obra obscura. Esses momentos tensos, de turbulências políticas e sociais, fazem prever anos ainda mais violentos nas próximas décadas. Enquanto os estúpidos pacifistas sonham com a Era de Aquarius, meus superiores já estão vislumbrando novas ferramentas tecnológicas que aumentarão seu poder de forma brutal. Os novos métodos de comunicação vão utilizar-se de satélites para espalhar notícias falsas e ódio contra minorias indefesas. Alguns demônios serão eleitos pelo voto, iludindo as massas com notícias falsas”, diz o personagem.
Aloysio Reis estreou na ficção com “Rio Vermelho e outros relatos improváveis”, livro de contos lançado em 2018. Desta vez, foi mais fundo no conflito entre desejo e realidade, tendo como pano de fundo um Brasil às voltas com denúncias de corrupção e a renúncia do presidente da República.
No caminho para Albertosa, os personagens revivem a história de suas vidas, que se choca com seus planos e ambições. “O livro desenha, através de seus personagens, a vida real e o sonho, como dois trilhos que se estendem lado a lado sem jamais se tocar. Os desvios são também caminhos. Os roteiros podem ser reescritos e o destino pode ser considerado como hipótese”, diz Milena Palha, produtora editorial da Autografia Editora.
Arrebatador, feiticeiro e ilusionista
“O Eterno Desencontro das Paralelas” tem prefácio assinado pelo compositor Paulo César Pinheiro, que descreve o livro como arrebatador, feiticeiro e ilusionista. “Aloysio fez-me voltar ao meu passado de fantasia, quando minha poesia começava a aflorar e, tudo que era diferente levava-me a um mundo mítico e imaginário que me tomava e arrebatava – e me obrigava a escrever sem parar. (É).. nonsense na sua essência mais pura. Surrealismo no seu âmago”, descreve.
Nascido na Lapa (“numa segunda-feira de Carnaval”) e criado em Niterói, Aloysio Reis foi presidente da EMI Music e hoje dirige a editora musical da Sony Music. Aloysio faz parte do Conselho Executivo da Academia Latino-Americana de Artes e Ciências da Gravação (Latin Grammy) e também é membro da diretoria da União Brasileira de Compositores (UBC).